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Júlio Resende

Cinderella Cyborg – o nome do novo disco de Júlio Resende – é uma fantasia de união que demonstra que mesmo quando a vida nos parece madrasta, há uma história de amor que pode surgir em qualquer lugar. 

É uma canção e pretende explorar a partir dela a sua vertente apurada de compositor. Júlio Resende sente-a como um fado. Mas é outra coisa para além de um fado. É uma dança. E é também uma aventura pelo lado cyborguiano da Música. Serve para tentar estabelecer um diálogo possível entre o humano e o inumano, entre a carne e os chips, entre o acústico do piano e do contrabaixo e o electrónico do computador e dos Pads. Entre a sua liberdade enquanto pianista e a rigidez da línguagem dos computadores. Entre a extrema imperfeição do humano e a perfeição impossível da máquina.

Também na música é difícil a reunião com a máquina, por exemplo, em relação ao tempo das músicas – o tempo dos compassos – a máquina nunca vacila, a máquina não gosta de esperar, mas o humano é sempre flexível.  Júlio Resende gosta dessa dificuldade. De superar as dificuldades e fazer música disso. Porque se não superarmos as dificuldades não encontramos paz. A paz está sempre na superação e não no conflito.